Folha em branco. Uma tentação. Como a me insitar. Como a me dizer: "Eu te desafio!" e afio
minha espada para a peleja. Cereja no Gin Freeze, fiz, e farei outra vez. Talvez, por ser humano, talvez por não saber. Não saber a verdade, a pergunta, a mentira. E quem tira a teima, teima que é verdade; Na ansiedade de convencer, vencer os limites da página, das linhas, e do branco.
Mas se firo o papel ao escrever, essa criatura também me muda. Muda que fala, fala com quem lê, e com quem escreve, o próprio destino. Criatura-filho, que leva pedaços de mim, e só dói quando eu rio. Rio. Amazônas, Xingú, Branco ou Negro. Suas ruas cortam meu simplório peito brasileiro. E o cheiro dessa terra nos acompanha na memória, na história dessa gente; Filho, mãe, pátria. Amada, de chuteiras, descalça. Calça, que já não cobre a vergonha de quem deveria governar, ao invés de mandar nosso ouro para o Velho Mundo. E o fundo social continua mal, tal e qual no último natal, e antes.
Daí eu me pergunto: De que valem as meras palavras? pra que servem esses meus furiosos rabiscos? E eu mesmo respondo: Se você, ao ler, parar ao menos por dez segundos para pensar no seu papel nesse cenário, e avaliar as enormes possibilidades que você tem de criar e produzir beleza, já terá valido a pena. O desafio do papel terá sido vencido, e a Criatura-Texto novamente caminhará sobre a Terra.
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Texto original: Guilherme Castelo.
25/09/06
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Do que trata o texto: O momento da criação artística.
Uma de suas poesias mais legais e as frases nem estão separadinhas como deveriam. Gostei de ver sua consciência lúcida dedurando as mentiras e questionando as retóricas.
ResponderExcluirOutro amplexo!