segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Vida Simples


Agricultura. Conceito tão importante que sua descoberta (ou invenção), alterou os rumos da hitória. Foi ao descobrir-se um "fazedor de alimentos" a partir da terra que o homem deixou o nomadismo, há centenas, milhares de anos, para dedicar-se a cuidar de pedaços de chão, que chamou de seus. Começou a estabelecer-se nesses lugares, plantando e colhendo. Aprendeu a amar a terra que lhe dava tudo. Ensinou aos filhos, aos netos, através dos tempos. Tornou-se um estilo de vida.

Nos dias atuais, esse estilo de vida continua vivo, e forte. A despeito da possibilidade de alcançar sucesso em grandes centros urbanos, milhares de pessoas continuam preferindo o campo. Dizem-se felizes com a tranquilidade, com o ar puro, com o cantar dos pássaros... Uma coisa diga-se com justiça: A expectativa de vida de quem mora no campo, no geral, é maior do que algueém que more numa grande cidade. Quer seja pelo maior contato com a natureza, ali "in loco", quer seja por consumir alimentos mais frescos e selecionados, o fato é que há mais idosos saudáveis nas roças que nas avenidas. Mesmo com esquistosomose, algumas crianças do interior (que já conheci) parecem mais felizes que os "mini-adultos" que encontramos pelas ruas, às vezes. Há, enfim, mais "calor humano" entre as pessoas.

Por falar em "calor humano", essa é uma das diferenças primordiais na questão campo/cidade. As pessoas, ditas simples, que vivem no campo, são infinitamente mais hospitaleiras que nós, urbanos. E MUITAS vezes, mais educadas que nós também. Sabem ser solícitas, mesmo sendo humildes. E sorriem, como sorriem! Deve ser bom viver assim...

E nós, homens urbanos, muitas vezes menosprezamos, o campo e seus habitantes, irmãos nossos, acreditando sermos melhores que eles, em cultura e educação, mas esquecemos que, de fato, viemos todos de lá, de uma forma ou de outra. Nosso país se formou da selva, nossos antepassados, portanto,eram silvícolas! Talvez por ter-mos esquecido isso, tantos de nós, "civilizados", atravessamos a vida, calçada à calçada, agindo como selvagens.

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Texto original: Guilherme Castelo

Nota: Isso é um fragmento de um trabalho de Teoria Literária, que fiz semestre passado.
Meu professor gostou. (pelo menos não me reprovou, hehehe)

Fragmentos




"Transforma-se o amador na coisa amada,
por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada,
que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.

Mas essa linda e pura semidéia,
que, como o acidente em seu sujeito,
Assim com a minha alma se conforma.

Está no pensamento como idéia,
(e) o vivo e puro amor de que sou feito,
como a matéria simples busca a forma..."

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Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

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Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía."


Luís de Camões

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Nota: Uma pequena homenagem a esse gênio das letras.

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