Voltamos às origens, ao primata, ao ininteligível. É curioso constatar esses fatos agora, em um momento da história em que vivemos a plena efervescência da ciência, da tecnologia e (pasmem!), da comunicação. Como podemos viver tal paradoxo? Até parece que o excesso de informação causou uma confusão mental nas pessoas que ninguém mais se entende; quanto mais conhecemos a sociedade, menos queremos nos associar. De fato, em alguns casos deixamos até de ser sociáveis, uma vez que percebemos que nessa confusão, ninguém sabe em quem confiar. Políticos corruptos, policiais criminosos, cidadãos desonestos. Por outro lado, temos ecologistas assassinados, crianças seqüestradas, jovens espancados, índios queimados, balas perdidas, balas achadas, gente morrendo nas baladas, e a lista não termina.
Parece não haver mais limites para a barbárie. Qualquer motivo simples é o bastante para tirar a vida de alguém. Imagino que nem todos querem matar, mas é a capacidade que tem de infringir danos a outrem sem escrúpulos, arrependimento ou hesitação o que assusta; matar é a conseqüência, muitas vezes não desejada mas nem ao menos cogitada no momento de fúria, ou adrenalina, dependendo do caso. O uso de substâncias psicoativas também tem um papel fundamental no mau julgamento e no senso crítico das pessoas, sobretudo das que cometem crimes, pela própria tensão das situações em que geralmente se envolvem como assaltos, tiroteios, fugas, vinganças... O ciclo se repete; e a violência só aumenta.
Violência... Conhecemos tantas formas de violência que ás vezes, me custa acreditar que ainda haja mais que isso a se fazer com as pessoas. Contudo, minha razão me diz que infelizmente há, que não há limites para a imaginação e para a crueldade humana. Ninguém está seguro, em lugar algum. As grades são para nós, as ruas não.
Lembro de um proeminente corrup...(ops) político do estado do Pará, que ao ser questionado sobre a segurança pública no Estado, saiu-se com essas: “-Não há isso de insegurança pública, como estão dizendo, o que há é apenas uma sensação de insegurança”. Pode? Pode, ele tem carro blindado.
O que não pode é menores criminosos continuarem matando porque a lei os protege. Não pode é nossas crianças sendo raptadas, molestadas, mortas ou aprisionadas por anos em porões escuros. O que não podemos é consolidar o estilo Isabella de morrer. Não podemos é continuar comprando armas em concessionárias, para usar com munição etílica. Não podemos continuar tratando com tanta leviandade a única coisa valiosa que de fato temos, a vida.
E o que podemos fazer? Só a nossa parte, por menor que seja. Uns salvam vidas com remédios, outros com canetas. Alguns com a música te ensinam a sorrir, outros com as palavras que escrevem, te ajudam a pensar.
A gente cada vez mais nos tornamos prisioneiros de nós mesmos.
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